Você já ouviu falar em infecções congênitas?

As infecções congênitas são aquelas em que um determinado agente infeccioso acomete a mãe durante a gestação e, durante esse processo, infecta também o feto levando ou não ao desenvolvimento de sequelas no bebê.

Essas infecções podem trazer desfechos trágicos à gestante e ao bebê e por este motivo, um pré natal bem feito, com uma boa orientação prestada às mães se faz de grande importância!

Mais quais agentes podem levar a infecções congênitas?

De maneira geral todas as doenças de natureza infecciosa podem levar à infecções congênitas, mas algumas têm mais importância em razão da gravidade dos quadros, pela possibilidade de tratamento e em razão da frequência com que acontecem. Das infecções congênitas destacam-se:

  • Citomegalovirus;
  • Toxoplasmose;
  • Rubéola;
  • Zika vírus;
  • Sífilis;

Herpes vírus, hepatite B e C, HIV, Chikungunya e Varicela Zoster podem também levar a infecções congênitas, mas tem mais importância como agentes responsáveis por infecções neonatais levando complicações graves ou a evolução de maneira insidiosa e crônica dessas doenças.

Eu consigo prevenir as infecções congênitas?

É claro que sim! Através de uma série de estratégias que aumentem a segurança na gestação. Tudo se inicia com um bom planejamento pré-concepção, ou seja, ao pensar em engravidar a mulher deve fazer exames para conhecer qual seu estado sorológico com relação a estas doenças. Com isto, é possível rastrear, prevenir e eventualmente, tratar a infecção, como por exemplo, a sífilis, que se não tratada pode levar até ao óbito do feto ou do bebê.

Com este rastreamento é possível identificar mulheres que não tenham anticorpos contra a hepatite B e a rubéola, por exemplo. Em indivíduos sem anticorpos, indica-se a vacinação para estas duas doenças, garantindo uma gestação livre destes dois vírus, desde que o esquema vacinal para estas duas doenças esteja completo.

A vacinação é a única maneira de prevenir a Síndrome da Rubéola Congênita. Caso a mulher chegue à idade fértil sem ter sido previamente vacinada ou esteja planejando engravidar e ainda não tenha anticorpos, deverá receber uma dose da vacina tríplice viral e esperar quatro semanas antes de engravidar. A vacinação de rotina contra a rubéola na infância tem impacto na prevenção da doença por interromper a transmissão do vírus entre as crianças, reduzindo o risco de exposição de gestantes susceptíveis, além de reduzir a susceptibilidade nas futuras mulheres em idade fértil. Mulheres grávidas não devem receber a vacina contra a Rubéola, devem esperar para serem vacinadas após o parto.

Quando a mulher já é portadora de hepatite B ou C ou de HIV pode-se realizar acompanhamento mais específico, com a instituição de diversas medidas, inclusive medicamentosas, visando um bom controle da infecção e queda da carga viral pré-concepção .

Medidas sanitárias como a ingesta de água potável, não ingestão de carnes cruas ou mal passadas, lavagem e cozimento adequados dos alimentos, não exposição das gestantes a fezes de gatos pode contribuir na prevenção da infecção por toxoplasmose. Além disto, quando a gestante adquire toxoplasmose durante a gestação ou algumas semanas antes da concepção, pode-se usar medicamentos que poderão evitar o acometimento fetal. O uso de repelentes e vestimentas como blusas de mangas compridas e calças podem evitar contato com mosquitos que transmitem o vírus da Zika.

Quando se diagnostica sífilis antes ou durante a gestação o tratamento com penicilina é o mais indicado para minimizar os danos fetais e no bebê. Além disso, o seguimento da gestante durante o pré-natal contribui para minimizar os danos.

O que pode acontecer se eu tiver uma dessas infecções durante a gestação?

Infelizmente quando uma infecção acontece durante a gestação o prognóstico pode não ser bom, mas vai depender do tipo de infecção e da idade gestacional em que a mãe adquiriu a doença. Malformações congênitas, microcefalia, alterações do desenvolvimento nervoso, ocular e auditivo, malformações ósseas, anemia, plaquetas baixas, hepatite e várias outras anormalidades podem acontecer.

Felizmente uma pequena porcentagem dos fetos infectados evoluem com quadros mais graves. O acompanhamento pré natal, com realização de exames periódicos, consultas regulares, intervenções medimentosas e com procedimentos invasivos, conforme o caso, podem melhorar o prognóstico destas crianças cujas mães tiveram o diagnóstico de uma destas infecções durante a gestação.

E se a infecção aconteceu durante a gestação e não foi diagnosticada?

Bom, nesses casos a criança precisa passar por uma avaliação multidisciplinar minuciosa a fim de detectar possíveis alterações e sequelas para que condutas terapêuticas adequadas sejam iniciadas precocemente. Além de medicamentos, quando aplicável, sessões de fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, dentre outras, são medidas que são podem evitar a progressão do agravo.

Como abordado acima, as infecções congênitas podem levar a problemas irreversíveis, que impactarão no crescimento, desenvolvimento  e qualidade de vida da criança e da família para a resto da vida. Portanto o cumprimento das medidas de prevenção, com destaque especial para orientação de dar a vacina de rubéola para as mulheres sem anticorpos para rubéola, medidas higiênico-dietéticas e o tratamento das infecções congênitas tratáveis com medicamentos, devem ser orientados e seguidos por serem medidas muito eficientes para possibilitar uma gestação livre de intercorrências e para que o bebê seja gerado em um ambiente saudável!

Texto escrito por Fernando Cruz e revisado por Natasha Slhessarenko.

 

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